RÁDIO CONCHA // download

A Rádio Concha, o Jogo

A Rádio Concha propõe um jogo de carta-testemunho para compor o ciclo de criação desse projeto que coloca em diálogo dança e filosofia.

Trançar memórias, criar histórias, reencantar futuros; procurar gestos e reflexões para guiar os sentidos. As palavras navegam por diversas superfícies, e, dessa vez, elas compõem a escrita de pensamentos-luminescências.

O Jogo é um texto, arquivo vital, transcriação reflexiva das ideias oriundas da voz; registro gráfico que realoca a biblioteca colonial para dar lugar às grafias das existências incapturáveis pelos modos hegemônicos de ser e do saber.

O Jogo capta a ideia de transmissão como ação interativa fecunda, produtora potencial de práticas coreográficas, e um convite para transformar invisibilidade em visibilidade possível.

O Jogo responde perguntas, mas é preciso saber fazê-las.

Para jogar: imagine, pergunte e leia, ou leia, pergunte e imagine.

O Jogo se compõe de sete naipes: Antes do valor, a relação; A dança com os pés na terra; Antecipando a rasteira colonial; Esfregar o corpo no mundo; Fuga; Tempo em trânsito; O que é vivo comunica.

São estas noções que emergem dos adensamentos conceituais, sociais e artísticos do nosso tempo que refazem e reeducam as tramas do senso comum. Habitar imaginários de criação e resistência é um gesto vital.

O Jogo está disponível em de duas maneiras, um arquivo com as cartas separadas e um PDF com as cartas em sequência.

Boa leitura!

Ana Pi e Maria Fernanda Novo

Um filme &

NoirBLUE – les déplacements d’une danse (26min26 – 2017)

Film présenté au Centre Georges Pompidou, le 7 décembre 2017, pour une carte blanche où j’ai pu avoir le grand plaisir d’inviter à me rejoindre:

It’s about another way (2017, 10’47) de Fabiana Ex-Souza

I need this in my life (2016, 10’) de Fannie Sosa

Blue Bleu (2016, 9’52) de Julien Creuzet

https://billetterie.centrepompidou.fr/resources/samp/CGP/CGP_1718___VD___FILMS_DE_DANSE_DECEMBRE_4xW1C4CwFvgQsSfVh2nwjpbCJU=.html

02 - NOIRBLUE03 - NOIRBLUE.jpg04 - NOIRBLUE13 - NOIRBLUE

repertencer.

nesses novos/velhos caminhos tenho pensado muito sobre o repertencimento.

meus trabalhos andavam interessados em tocar em assuntos como apropriação e pertencimento, o que de uma certa maneira falava do ponto de vista do que é estrangeiro, dos primeiros contatos com o novo.
mas o engraçado é que eu nunca havia parado para pensar o quão constante são estes exercícios quando o deslocamento é uma condição permanente. nada fica no lugar, nem eu, nem os lugares, suas arquiteturas e pessoas, mesmo que tudo ‘se’ acredite que sim. embora belo horizonte seja a minha cidade natal tenho a sensação de que vivo na ficção do se instala na memória, tanto na minha própria quanto na dos outros, dos mais aos menos íntimos. ou mais ainda no que é do terreno da imaginação, a ficção do que era quando não estava ali. fico pensando em estratégias de não me perder nisso tudo, de me manter atenta e curiosa, mesmo diante das repetições.
há, precisamente, 7 anos eu não pratico o balé clássico. quando parei, eu me disse que não o faria mais, não faria porque não encontrava sentido. durante os anos da graduação eu basculei entre achar uma maravilha e um absurdo o fato de não se praticar esta técnica de modo obrigatório. atualmente tenho revisitado este treinamento, em aulas na cia seráquê?, e é muito desafiador me “recolocar” neste contexto, repertencer sem que seja pelo caminho do que era antes, do que era o meu entendimento de corpo, de experiência e de dança. porque “a tal memória corporal” reativa tudo, de boas lembranças às doces violências, cheiros, expectativas, tudo. mas pode ser mais simples, ou leve, ou superficial, parece que é se deixar levar um pouco pelo abdômen, pela flexibilidade, pelo contratempo da cabeça; mas é inevitável pensar que ao praticá-lo eu estou também praticando uma visão de corpo, um corpo, uma política. acho tudo isso muito contraditório, o que me faz pensar que se deslocar é acima de tudo estar disposta à lidar com diferenças, que às vezes são a própria contradição, é de um modo criativo transformar estas revisitas em algo ainda mais sobreposto, acumulado. 
como inserir esta camada=balé na minha vida de agora. 

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repertencer.

nesses novos/velhos caminhos tenho pensado muito sobre o repertencimento.

meus trabalhos andavam interessados em tocar em assuntos como apropriação e pertencimento, o que de uma certa maneira falava do ponto de vista do que é estrangeiro, dos primeiros contatos com o novo.
mas o engraçado é que eu nunca havia parado para pensar o quão constante são estes exercícios quando o deslocamento é uma condição permanente. nada fica no lugar, nem eu, nem os lugares, suas arquiteturas e pessoas, mesmo que tudo ‘se’ acredite que sim. embora belo horizonte seja a minha cidade natal tenho a sensação de que vivo na ficção do se instala na memória, tanto na minha própria quanto na dos outros, dos mais aos menos íntimos. ou mais ainda no que é do terreno da imaginação, a ficção do que era quando não estava ali. fico pensando em estratégias de não me perder nisso tudo, de me manter atenta e curiosa, mesmo diante das repetições.
há, precisamente, 7 anos eu não pratico o balé clássico. quando parei, eu me disse que não o faria mais, não faria porque não encontrava sentido. durante os anos da graduação eu basculei entre achar uma maravilha e um absurdo o fato de não se praticar esta técnica de modo obrigatório. atualmente tenho revisitado este treinamento, em aulas na cia seráquê?, e é muito desafiador me “recolocar” neste contexto, repertencer sem que seja pelo caminho do que era antes, do que era o meu entendimento de corpo, de experiência e de dança. porque “a tal memória corporal” reativa tudo, de boas lembranças às doces violências, cheiros, expectativas, tudo. mas pode ser mais simples, ou leve, ou superficial, parece que é se deixar levar um pouco pelo abdômen, pela flexibilidade, pelo contratempo da cabeça; mas é inevitável pensar que ao praticá-lo eu estou também praticando uma visão de corpo, um corpo, uma política. acho tudo isso muito contraditório, o que me faz pensar que se deslocar é acima de tudo estar disposta à lidar com diferenças, que às vezes são a própria contradição, é de um modo criativo transformar estas revisitas em algo ainda mais sobreposto, acumulado. 
como inserir esta camada=balé na minha vida de agora. 

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